INTERTEXTUALIDADES
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Um escritor nunca escreve sozinho…
Antes, escreve com todas as vozes
Que sussurram a todo instante
histórias e versos
Acertos e desacertos
Melodias e ilhas
Desconcertos…
Sou Cecília…
Oswald, Mário, Carlos… Andrades!
Sou também Bandeira!
Camões, Pessoa, Castro e muito mais.
Sou Clarice…
Veríssimo, Graciliano, Rosa,
Sou também o cais.
Jorge e Murilo e muito mais.
Sou o que sou: olha só os tais!
Pouco, muito…
E até coisas banais.
E desfaço o ser quando entender…
e é o que basta,
mas
não sou sozinho, sou inteiro,
sou vários, por vezes inabitável,
propenso e líquido
e, ao mesmo tempo,
uma cidade inteira
contrassenso
Sou Mia, Leminski, Milton
Caetano!
E não há engano!
Sou Machado
E o texto, ironicamente,
É mais afiado.
Sou Carlitos, o vagabundo,
Sou parte itinerante
Das lembranças do mundo!
Sou e não sou a cada hora.
E o relógio não tarda.
Agora
Sou todos os textos e canções
Sou todas as rimas e emoções
Um escritor nunca escreve sozinho…
Antes, escreve com todas as vozes
Que sussurram a todo instante
histórias e versos
Acertos e desacertos
Melodias e ilhas
Desconcertos…